Tratamento de efluentes industriais em São Paulo: entre avanços institucionais e desafios persistentes

Mesmo com décadas de políticas públicas e investimentos, o tratamento de efluentes industriais em São Paulo ainda enfrenta desafios críticos. Entenda as causas, impactos e soluções sustentáveis com base em dados da CETESB e estudos da USP.

O Estado de São Paulo abriga o sistema de gestão de recursos hídricos mais estruturado do país. Ainda assim, enfrenta sérios desafios na contenção da poluição dos corpos d’água causada por efluentes industriais.

Desde os anos 1980, o Rio Tietê tornou-se símbolo da crise da água urbana no Brasil. Programas como o Guarapiranga (1993–2000) e o Pró-Billings (2008) investiram bilhões em saneamento e recuperação ambiental, mas os resultados permanecem limitados.

Estudos da Universidade de São Paulo (USP) mostram que, entre 1986 e 2013, variáveis como Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e nitrogênio amoniacal mantiveram-se acima dos padrões aceitáveis em diversos pontos do Tietê¹.

Esses resultados revelam um problema estrutural: a falta de controle e tratamento adequado dos efluentes industriais, especialmente em áreas densamente industrializadas da Região Metropolitana de São Paulo.

O problema dos efluentes industriais

Parâmetros e indicadores de degradação

O lançamento de efluentes industriais afeta diretamente parâmetros essenciais da qualidade da água.
A DBO elevada indica excesso de matéria orgânica, o que reduz o oxigênio dissolvido (OD) e ameaça a fauna aquática.

Altas concentrações de fósforo e nitrogênio amoniacal aceleram o processo de eutrofização, levando à proliferação de algas e à morte de organismos aquáticos.

Metais como cobre, níquel e zinco, observados na pesquisa da USP, representam outra dimensão do problema: bioacumulação, toxicidade e risco sanitário.
Esses contaminantes são frequentes em efluentes dos setores metalúrgico, químico e têxtil².

A persistência do problema

Segundo a CETESB³, o descarte irregular continua sendo uma das principais fontes de poluição hídrica no Estado.

Mesmo com regras rigorosas — como o Decreto Estadual nº 8.468/76, que estabelece limites para DBO, metais e fenóis —, o monitoramento ainda detecta despejos acima dos padrões legais, sobretudo em regiões industriais da Grande São Paulo.

A Carta Aberta “Efluentes Industriais: um problema já conhecido” reforça que parte do setor industrial ignora o pré-tratamento, sobrecarregando os sistemas públicos de coleta e tratamento.
Esses sistemas, originalmente concebidos para efluentes domésticos, não possuem tecnologia suficiente para remover contaminantes complexos de origem industrial.

Consequências ambientais e sociais

Impactos sobre os corpos hídricos

Os dados levantados pela USP indicam que o baixo oxigênio dissolvido (OD) — em alguns trechos inferior a 2 mg/L — é recorrente no Tietê e no Tamanduateí, configurando condições anóxicas e inviabilizando a autodepuração natural dos rios.

Isso resulta em mortandade de peixes, odores desagradáveis e degradação da biodiversidade aquática.
A presença de coliformes termotolerantes também evidencia a mistura de esgoto doméstico com efluentes industriais, fenômeno comum nas áreas urbanas mais adensadas.

Risco para a saúde pública e o abastecimento

Além do impacto ecológico, o descarte irregular de efluentes industriais compromete a segurança hídrica.
A infiltração de contaminantes no solo e nos aquíferos — agravada por drenagem deficiente e solo exposto — aumenta o risco de contaminação da água potável.

Esses efeitos atingem diretamente populações vulneráveis, especialmente nas margens das represas Billings e Guarapiranga, que ainda servem como mananciais de abastecimento público.

Caminhos para a mitigação e o papel do tratamento offsite

Instrumentos de política pública

A Lei Estadual nº 9.866/1997 revisou as políticas de proteção aos mananciais, ampliando a gestão ambiental para todo o território paulista e introduzindo o conceito de bacia hidrográfica como unidade de planejamento.

Leis subsequentes — como as Leis nº 12.233/2006 e 13.579/2009 — reforçaram a integração entre municípios, órgãos ambientais e sociedade civil.
Ainda assim, a eficácia dessas políticas depende da fiscalização contínua e da adesão das empresas aos sistemas de tratamento e destinação adequados.

Soluções empresariais e responsabilidade corporativa

É nesse contexto que surgem iniciativas privadas complementares às políticas públicas.
Empresas especializadas em tratamento e destinação offsite de efluentes e lodos industriais, como a Okena, desempenham papel estratégico ao garantir tecnologia, rastreabilidade e conformidade ambiental.

O tratamento offsite assegura que os efluentes sejam tratados em instalações licenciadas e equipadas para neutralizar compostos químicos e metais pesados, evitando a contaminação de mananciais e solos.

Além disso, programas como o CarbonFree Okena — desenvolvido em parceria com a Iniciativa Verde — promovem a compensação das emissões logísticas geradas no transporte de efluentes, por meio do plantio de árvores nativas na Serra da Mantiqueira.

Essas práticas mostram que é possível ir além da conformidade legal: é uma transição para o modelo de economia regenerativa, no qual as empresas assumem responsabilidade integral pelo ciclo de seus resíduos líquidos.

Conclusão

O tratamento de efluentes industriais em São Paulo é uma questão estrutural que exige governança, tecnologia e corresponsabilidade.
Os dados científicos e institucionais analisados indicam que, apesar dos avanços normativos e dos investimentos públicos, a poluição hídrica persiste — e reflete uma falha sistêmica de integração entre política, fiscalização e compromisso empresarial.

Empresas que adotam práticas sustentáveis e soluções técnicas especializadas, como a Okena, demonstram que é possível unir eficiência operacional, segurança ambiental e impacto positivo real, contribuindo para a recuperação das águas paulistas e para um novo paradigma na gestão industrial.

OLIVEIRA, Eduardo Mazzolenis de. Desafios e perspectivas para recuperação da qualidade das águas do Rio Tietê na Região Metropolitana de São Paulo. Universidade de São Paulo (USP), 2015.

COELHO, Lúcia. Gestão de Efluentes e Emissões. São Paulo: Oficina de Textos, 2018.

CETESB. Carta Aberta – Efluentes Industriais: um problema já conhecido. São Paulo, 2023.

Edições Câmara. Políticas Setoriais e Meio Ambiente. Brasília: Câmara dos Deputados, 2019.

Conteúdos Relacionados

DO DISCURSO PARA A AÇÃO

Somos parte da mudança e, por isso, possuímos certificados importantes e participamos de diversos movimentos.

Pronto para transformar a gestão ambiental da sua empresa?

Preencha o formulário abaixo e fale com nossos especialistas.
Vamos juntos desenvolver soluções que promovam sustentabilidade e resultados excepcionais para o seu negócio.

Seu formulário foi
enviado com sucesso!