Segurança hídrica e produção industrial: como empresas devem se preparar para um futuro com menos água 

A segurança hídrica se tornou um dos maiores desafios estratégicos para o setor industrial no Brasil. Em um país que historicamente foi considerado abundante em água, a combinação entre mudança climática, crescimento populacional, expansão do consumo e pressões ambientais tem provocado um cenário de aumento da demanda ao mesmo tempo em que a oferta se torna mais incerta, mais variável e, em algumas regiões, francamente reduzida. 

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) já alerta que, em diversos cenários futuros, a disponibilidade hídrica pode cair de forma significativa, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A instituição mostra, ainda, que eventos extremos — secas prolongadas, cheias abruptas, mudanças no padrão de chuvas — vêm se intensificando e alterando de maneira profunda o ciclo hidrológico brasileiro¹. 

Em paralelo, estudos internacionais apontam que a água é o principal meio por onde os efeitos da mudança climática se manifestam. Isso significa que não estamos diante de uma crise isolada, mas de uma transformação sistêmica, que altera qualidade, quantidade, variabilidade e confiabilidade dos recursos hídricos². 

Para o setor industrial, esse fenômeno se traduz em riscos reais: interrupção produtiva, escassez temporária de água bruta, aumento do custo operacional, exigências regulatórias mais rígidas, necessidade de novas soluções de tratamento de efluentes e infraestrutura de adaptação. 

Este artigo aprofunda o que é segurança hídrica, como ela está ameaçada no Brasil, o que isso representa para a indústria e de que forma soluções como o tratamento de efluentes, o tratamento de água e a circularidade com foco em eficiência se tornam pilares essenciais para construir operações resilientes. 

A evolução do conceito de segurança hídrica 

Segurança hídrica é a capacidade de garantir, ao longo do tempo e em cenários variáveis, água em quantidade e qualidade adequadas para todos os usos — humanos, industriais, agrícolas e ecológicos — com riscos aceitáveis para a sociedade e para a economia. 

Não se trata apenas de disponibilidade física. Inclui também fatores como: 

 • qualidade da água; 

 • confiabilidade do abastecimento; 

 • resiliência diante de extremos climáticos; 

 • eficiência no uso e retorno da água ao meio ambiente; 

 • capacidade institucional de gerir riscos. 

No setor industrial, segurança hídrica significa evitar paradas de produção, garantir conformidade com normas ambientais, reduzir dependência de fontes vulneráveis, prevenir multas e proteger a continuidade do negócio. 

É por isso que a segurança hídrica se tornou um tema central em estratégias ESG, em análises de risco climático e em planos de adaptação da indústria ao novo contexto hidrológico do século XXI. 

Tendências de demanda crescente: indústria e sociedade pressionando os mananciais 

O Brasil é um dos países em que a demanda por água mais cresce no mundo, impulsionada por: 

 • aumento populacional; 

 • expansão urbana; 

 • maior consumo per capita; 

 • aumento da produção agrícola irrigada; 

 • crescimento industrial. 

Segundo projeções globais citadas pela ANA, a demanda industrial total pode dobrar em algumas regiões até 2050, especialmente em setores como alimentos e bebidas, químico, farmacêutico e mineração¹. 

Esse crescimento ocorre em paralelo ao aumento da demanda por energia — setor que também depende fortemente de água, seja para geração hidrelétrica, seja para resfriamento em processos térmicos. 

A consequência direta é um cenário de competição crescente entre usos múltiplos, fazendo com que empresas dependam de modelos mais eficientes de gestão, alternativas de abastecimento e soluções mais robustas de tratamento de água e de efluentes industriais. 

Oferta reduzida e maior variabilidade: a água em um país de extremos climáticos 

Um futuro com menos água não significa apenas menos chuva. A oferta é afetada por fenômenos combinados: 

 • redução do volume de rios e reservatórios; 

 • maior evapotranspiração devido ao aumento das temperaturas; 

 • perda de qualidade da água por contaminação difusa; 

 • assoreamento e erosão; 

 • intrusão salina em áreas costeiras; 

 • menor recarga de aquíferos. 

A ANA indica que, em alguns cenários futuros, determinadas bacias brasileiras podem enfrentar reduções superiores a 40% na média anual de disponibilidade hídrica¹. Esse dado é substancial quando projetado sobre sistemas produtivos altamente dependentes de captação contínua. 

Além disso, as mudanças climáticas aumentam a instabilidade: períodos de seca severa — como os registrados no Sudeste em 2014 e na Amazônia em 2023 — são seguidos por episódios de chuvas extremas que sobrecarregam infraestruturas, alteram a qualidade da água e aumentam custos de tratamento. 

Essa combinação torna o risco hídrico um dos principais riscos climáticos corporativos identificados internacionalmente. 

A indústria diante do risco climático: vulnerabilidade e impacto econômico 

Empresas que dependem fortemente de captação superficial ou subterrânea enfrentam riscos diretos: 

 • interrupções temporárias por restrição de outorga; 

 • mudanças nos limites de captação em períodos de estiagem; 

 • necessidade de investir em adaptações emergenciais; 

 • aumento dos custos de produtos químicos para tratamento; 

 • maior geração de lodo e necessidade de manejo adequado; 

 • risco regulatório em períodos de alteração da qualidade da água; 

 • aumento de custo de energia para bombeamento. 

Um estudo publicado em 2023 no Journal of Environmental Management mostra que a vulnerabilidade hídrica das indústrias tende a aumentar ao longo da próxima década, especialmente em países com alta variabilidade climática como o Brasil³. O estudo demonstra que empresas que investem em eficiência e circularidade apresentam maior resiliência e menor custo operacional médio em cenários climáticos adversos. 

A conclusão é clara: adaptar-se deixou de ser uma escolha e passou a ser uma necessidade estratégica. 

Tratamento de efluentes como ferramenta central de segurança hídrica 

No contexto industrial, o tratamento de efluentes não é apenas uma exigência ambiental. Ele se tornou um pilar de adaptação climática

Um sistema eficiente de tratamento de efluentes industriais permite: 

 • reduzir a pressão sobre mananciais; 

 • evitar contaminação ambiental; 

 • cumprir padrões regulatórios mesmo em cenários de maior concentração de poluentes; 

 • viabilizar projetos de reúso interno ou externo; 

 • diminuir necessidade de água bruta; 

 • estabilizar a operação em períodos de escassez. 

A Okena tem atuado como parceira técnica de indústrias que buscam fortalecer sua segurança hídrica por meio de soluções que combinam tecnologia, eficiência operacional e alta performance no tratamento de efluentes. 

Esse fortalecimento se dá não apenas pelo tratamento em si, mas pelo conjunto de serviços que envolve monitoramento, análises técnicas, otimização, eficiência energética, logística e circularidade — todos essenciais diante do novo contexto climático. 

Tratamento de água: qualidade variável exige sistemas mais robustos 

Com a maior variabilidade climática, a qualidade da água captada pela indústria sofre alterações expressivas. Chuvas intensas elevam turbidez, matéria orgânica, sólidos e contaminantes difusos; secas prolongadas aumentam concentração de sais, nutrientes e poluentes. 

O tratamento de água, portanto, precisa ser mais resiliente, capaz de responder rapidamente às variações de parâmetros. 

Isso inclui: 

 • atualização de sistemas físico-químicos; 

 • tecnologias avançadas de filtração; 

 • monitoramento em tempo real; 

 • automação e controle inteligente; 

 • avaliação de riscos associados à fonte de captação. 

Empresas que não se adaptam enfrentam risco de interrupção, queda na qualidade do produto final e aumento significativo de custos. 

Circularidade da água: o caminho inevitável para indústrias resilientes 

A segurança hídrica industrial depende cada vez mais de estratégias de circularidade:  reduzir, tratar, reutilizar e reintroduzir água no processo de forma inteligente. 

A circularidade diminui dependência de água bruta, aumenta resiliência e reduz impactos ambientais. Soluções como reúso interno, reúso indireto, otimização de linhas e segregação de correntes são tendências globais já aplicadas no Brasil. 

A Okena se insere nesse contexto apoiando clientes na implementação de modelos circulares ligados a: 

 • reúso seguro de água tratada; 

 • otimização de processos; 

 • redução de geração de lodo; 

 • valorização de resíduos; 

 • tecnologias que conectam eficiência à sustentabilidade. 

Como empresas podem se preparar: passos estratégicos essenciais 

Avaliar riscos climáticos locais 

    Identificar vulnerabilidades específicas de cada unidade industrial, considerando região hidrográfica, variabilidade climática e disponibilidade futura. 

        Revisar a infraestrutura hídrica interna

        Analisar sistemas de captação, armazenamento, tratamento de água e tratamento de efluentes para identificar fragilidades. 

        Monitorar continuamente os parâmetros de água bruta e efluentes 

           A variabilidade de qualidade exige acompanhamento técnico rigoroso. 

          Investir em eficiência hídrica operacional 

             Tecnologias de otimização, automação e redução de perdas tornam a indústria mais competitiva. 

            Implementar estratégias de circularidade e reúso 

               Reduzem risco, custos e dependência de fontes vulneráveis. 

              Construir planos de contingência para eventos extremos 

                 Inclui alternativas de abastecimento, estratégias emergenciais e adequações operacionais. 

                Buscar parceiros técnicos especializados 

                   Parcerias com empresas como a Okena aceleram processos de adequação e fortalecem a resiliência. 

                  Conclusão: a segurança hídrica é o novo pilar da competitividade industrial 

                  O futuro da indústria brasileira é diretamente afetado pela água — não apenas pela sua disponibilidade, mas pela sua qualidade, variabilidade e confiabilidade. 

                  Garantir segurança hídrica requer planejamento, tecnologia, eficiência e compromisso. O tratamento de efluentes, o tratamento de água e a circularidade não são apenas boas práticas ambientais: são estratégias essenciais para proteger operações, reduzir riscos e construir um modelo de produção preparado para um futuro mais incerto e mais desafiador. 

                  Ao fortalecer seus processos e investir em soluções de alta performance, empresas estão não apenas se adaptando, mas liderando a transição para um modelo industrial mais resiliente, sustentável e competitivo. 

                  Notas de rodapé — Referências 

                  1. Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil. Brasília: ANA, 2024. 
                  1. ANA. Panorama das águas e mudanças climáticas, 2024. Disponível em gov.br/ana. 
                  1. Zhao, X.; Arshad, M.; Luo, Y. et al. Industrial water vulnerability under climate change: risks and adaptation pathways. Journal of Environmental Management, 2023. 

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